terça-feira, 2 de junho de 2009

æternum

Somos apenas humanos, logo vamos morrer, aqui está um facto óbvio, aquilo que mais tememos costuma ser a morte, e quando não a tememos a nossa vida continua a girar em torno dessa fatalidade, porque se há algo que dá valor a tudo o que fazemos e um objectivo concreto é o facto que só temos uma vida para o fazer.

Alguns tentaram ser fisicamente eternos, no século XIX existiu um que teorizou a congelação como modo de hibernar e ser acordado no futuro, não é bem ser eterno mas ele queria ver como seria o futuro. Mas enquanto o corpo envelhecer a eternidade nunca será uma realidade, pelo menos a física (abordarei esta temática também quando apresentar o livro Intermitências da Morte de José Saramago).

Se existe alguma forma de eternidade essa está escrita nos livros de história, os heróis e os seus feitos, os vilões e as suas ambições, os povos corajosos, os Trezentos, os Lusitanos, etc. A única maneira de alcançar uma eternidade é fazer grandes feitos, mas isso era mais fácil há alguns séculos atrás. A nossa história pessoal passa por tudo o que fazemos, aprendemos e ensinamos, só a nossa memória perdurará, será que estar a fazer um mapa sobre a temperatura média do mês de Janeiro me vai ajudar a alcançar essa memória eterna? Vai ser útil para ensinar a todos os que vier a conhecer? Futuros amigos, colegas, amantes, filhos, netos, etc. Talvez até seja, talvez tenha um filho agricultor que necessite um dia dessa informação, ele vai-se lembrar quando for altura de fazer as plantações de Inverno, mas, esse tipo de informação está por todo o lado, não serei eterno por saber isso.

Ah mas divaguei um pouco demais, era mais fácil antes porque as pessoas estavam mais cientes do que se passava umas com as outras, podiam não ter Internet, mas estavam sensíveis a heróis, hoje passa-nos à frente mil e um feitos por dia, mas como estamos ocupados a fazer mapas sobre o sistema Invernal do mês de Janeiro que temos de decorar para um teste não nos apercebemos, nem queremos saber.

Hoje os heróis são os Hitler, Estaline, Bush(es) etc, que vão aparecendo para matar milhões, de vez enquanto aparece um Obama ou um M Luther King, um Bob Marley/John Lennon na música, e por aí fora.

3 comentários:

Anónimo disse...

Mister Bush é eterno!
E nem precisou de aprender a ler!

A culpa é da literacia, estou-te a dizer!

Anónimo disse...

já li o intermitências da morte. muito bom mesmo!! lol =D sabias que existe um livro do budismo tibetano chamado "o livro dos mortos tibetiano" que ajuda as pessoas a prepararem se no ritual da morte e a morrerem??

abraços, Mário

sara disse...

Boas!
Como estou especialmente refilona, não me contive a não comentar...

Sinceramente, acho que aquilo que mais tememos é mesmo a vida, chegarmos à conclusão de que não a conseguimos aproveitar ou, por outra hipótese, de que, por algum motivo, deixou de fazer sentido. Quanto a factos, é inevitável que esta não gire em torno da morte.
No que refere à eternidade, tenho de discordar quando me dizem que memórias são eternas, ao longo do tempo vão se desvanecendo e dar lugar a outras memórias, e, como são as tuas memórias e tu morres, elas morrem contigo, logo, não são eternas, por isso, a não ser que deixássemos de ter células e de sermos seres vivos, fiquemo-nos pelo que é presente e possível.
É verdade que houve grandes feitos que chegaram até nós, mas acredito que com muitas distorções, para além de que estamos sempre a falar nesses senhores que descobriram isto e aquilo, mas sem os escravos e/ou todos os que com ele trabalharam e sofreram isso não seria possível, por isso, quem é/são afinal os heróis?!
Actualmente, apenas temos uma visão interesseira das coisas mais evoluída, por isso é que não reparamos no que é realmente importante!
Epá, quanto aos "heróis" actuais que enunciaste por último, alguém tem sempre de se afirmar, e o Homem, por mais crescidinho que seja, acaba sempre por precisar de modelos, o que não significa que escolha o correcta (talvez não exista uma certo!)

E sim, vivemos à base de futilidades quando poderíamos estar a crescer como humanos...

Quanto ao livro de Saramago, o título sempre me chamou à atenção, mas exactamente por causa das tretas todas que nos põem a fazer, acabei por não o comprar...se já leste, opina!:p

Mais um bocadinho e o meu comment era do tamanho do teu post :s

Beijinhos grandes e aproveita as férias (que também não são eternas)*