Dez da manhã, estou a inalar os gases que me são enviados directamente dos escapes dos carros. Estou a sair de casa portanto isto é apenas uma situação natural, tenho um lugar privilegiado para todo este espectáculo de cores cinzentas, hehe.
Mas okay, hoje estar levantado às Dez da manhã tem um propósito além daquele da vida rotineira, hoje estar aqui neste local e a esta hora significa que vou fugir pelas portas da traseira, vou sair a meio do espectáculo e vou concentrar os meus horizontes noutros interesses. Hoje vou ver um espectáculo de cores, em vez deste a preto e branco permanente.
Por volta das Onze encontrei um pelotão de pessoas que ficaram presas na porta de saída, afinal não era só eu que estava a achar o espectáculo desagradável, tic tac, quero sair, saiam da frente!
Enfim, já deixei o velho teatro para trás, agora é apenas um percurso que me levará a algo um pouco mais vitalicio. Bem de qualquer maneira já estou a chegar, começo a fitar planícies verdejantes, prados errigados, harmonia entre a natureza e as cores, menos cinzento esbatido e muito mais verde, amarelo, azul, branco, vermelho, entre outras cores que lá se vão despoletando na minha retina. Um vaca, Duas vacas, Três Vacas e Quarenta galinhas, Trinta e Três ovelhas e uns quantos porcos...Bem nem por isso, não contei os animais de quinta que estou a ver, mas são bastantes, se disser Cem estou tão correcto como Trezentos e Trinta e Três, porque de certo serão mais, logo esses números também se adequam. Os únicos gases por aqui disponíveis são aqueles que nos são oferecidos pela mãe natureza e as suas belas plantas.
O próprio tempo passa de modo diferente por aqui, ou melhor, passa de modo igual mas aparente ter outro peso, quando miro o relógio no velho teatro e vejo que está a bater as Três da tarde sinto que já é tarde e que estou quase a jantar, mas aqui quando vi o relógio bater as Três senti uma tranquilidade imensa pelo tempo disponível que tinha daí adiante.
Onze da Noite, tripé montado, câmara no respectivo poleiro e Uma, Duas, Três fotos, tranquilissimo e ninguém passou.
Bem agora posso fazer qualquer coisa que me apetece, estou indeciso entre ir para o telhado tirar fotos, ir para a sala ver um filme ou simplesmente ir para a rua e encontrar pessoas, sim porque por estas bandas qualquer um que nos veja saúda-nos, nem que seja por curiosidade coscuvilheira, mas torna as relações bem mais pessoais.
Assim é, vida minha aqui estou, por agora.
Of Swords
Há 1 ano