
O sol está-se a pôr no horizonte marítimo, iluminando a paisagem com um amarelo torrado, que é intensificado quando toca na nossa feira popular com todas as suas luzes psicadélicas. O João pega na mão da Ana, leva-a a conhecer o que eles já conhecem, a banca das farturas, a casa assombrada, o palco cheio de adolescentes no auge das suas hormonas, ficam lá um pouco, nada como música estridente para animar uma tarde quente e aquecer os ânimos da noite que aí vem.
Após o ultimo solo completamente marado do guitarrista o par deslocasse para os carrinhos de choque, pois os seus corpos ainda estão a vibrar de todo aquele frenesim. Boom chocam os dois, chocam com outro, chocam com mais cinco, estão a rir que nem loucos porque chocam toda a emoção para fora de si mesmos. Saem e vêem um aparelho gigante que empurra os seus fieis
clientes para o céu escarlate a uma velocidade alucinante e que de repente os trai, levando-os a uma queda vertiginosa. Claro que o João e a Ana querem experimentar aquelas sensações, e claro que foram, e claro que berraram como já haviam berrado o ano passado na mesma diversão, só que o ano passado a Ana estava com o Zé e o João com a Amélia, logo, este ano
a sensação tem de ser claramente diferente!
Três horas depois e eles já passaram pela banca do "tiro-ao-alvo", casa do terror, matraquilhos, mais "tiro-ao-alvo" porque a Ana queria outro peluche, mais matraquilhos porque o João queria "picar" a Ana por causa do segundo peluche e em seguida foram ver um espectáculo de arte em que o João exibiu a sua ignorância relativamente ao que estavam a ver, de modos a impressionar a Ana, e claro esta percebeu tudo mas sorriu por simpatia.
Neste momento estão só a desfrutar um olhar intenso e intencional, nota-se o reflexo dos vermelhos, verdes, azuis, amarelos, brancos das luzes que rodam nos apetrechos da feira nos seus olhos, nada os separaria nesse momento, nem nos momentos que se seguiram, nem enquanto caminhavam para fora da feira em direcção à praia, nem enquanto se deitavam na areia e deixavam o mar banhar os seus pés e pernas e nem enquanto...