sábado, 20 de junho de 2009

A Observar a População VI


O sol está-se a pôr no horizonte marítimo, iluminando a paisagem com um amarelo torrado, que é intensificado quando toca na nossa feira popular com todas as suas luzes psicadélicas. O João pega na mão da Ana, leva-a a conhecer o que eles já conhecem, a banca das farturas, a casa assombrada, o palco cheio de adolescentes no auge das suas hormonas, ficam lá um pouco, nada como música estridente para animar uma tarde quente e aquecer os ânimos da noite que aí vem.

Após o ultimo solo completamente marado do guitarrista o par deslocasse para os carrinhos de choque, pois os seus corpos ainda estão a vibrar de todo aquele frenesim. Boom chocam os dois, chocam com outro, chocam com mais cinco, estão a rir que nem loucos porque chocam toda a emoção para fora de si mesmos. Saem e vêem um aparelho gigante que empurra os seus fieis
clientes para o céu escarlate a uma velocidade alucinante e que de repente os trai, levando-os a uma queda vertiginosa. Claro que o João e a Ana querem experimentar aquelas sensações, e claro que foram, e claro que berraram como já haviam berrado o ano passado na mesma diversão, só que o ano passado a Ana estava com o Zé e o João com a Amélia, logo, este ano
a sensação tem de ser claramente diferente!

Três horas depois e eles já passaram pela banca do "tiro-ao-alvo", casa do terror, matraquilhos, mais "tiro-ao-alvo" porque a Ana queria outro peluche, mais matraquilhos porque o João queria "picar" a Ana por causa do segundo peluche e em seguida foram ver um espectáculo de arte em que o João exibiu a sua ignorância relativamente ao que estavam a ver, de modos a impressionar a Ana, e claro esta percebeu tudo mas sorriu por simpatia.

Neste momento estão só a desfrutar um olhar intenso e intencional, nota-se o reflexo dos vermelhos, verdes, azuis, amarelos, brancos das luzes que rodam nos apetrechos da feira nos seus olhos, nada os separaria nesse momento, nem nos momentos que se seguiram, nem enquanto caminhavam para fora da feira em direcção à praia, nem enquanto se deitavam na areia e deixavam o mar banhar os seus pés e pernas e nem enquanto...

terça-feira, 16 de junho de 2009

Crianças

A maior responsabilidade das acções de uma criança vem da educação dos pais, por muito que os professores educadores de infância tenham bons métodos e muita paciência as crianças são moldadas pelos pais. Diz-se, "Ah tão bonito, tem os olhos do pai, o nariz da mãe", quando fazem asneira, "Ah deixa lá, são coisas de criança".

Bem deixo aqui esta noticia, claro que não digo que seja culpa dos pais o cão ter ido pelo autoclismo, mas se calhar se dessem banho ao cão na presença da criança, ela saberia que não é na sanita...Digo eu.



"Um cão com apenas uma semana de vida foi resgatado com vida do esgoto, no Reino Unido. O cachorro foi deitado pelo autoclismo por uma criança de quatro anos, que decidiu que o animal precisava de "tomar banho". "
in Cão no esgoto

terça-feira, 2 de junho de 2009

æternum

Somos apenas humanos, logo vamos morrer, aqui está um facto óbvio, aquilo que mais tememos costuma ser a morte, e quando não a tememos a nossa vida continua a girar em torno dessa fatalidade, porque se há algo que dá valor a tudo o que fazemos e um objectivo concreto é o facto que só temos uma vida para o fazer.

Alguns tentaram ser fisicamente eternos, no século XIX existiu um que teorizou a congelação como modo de hibernar e ser acordado no futuro, não é bem ser eterno mas ele queria ver como seria o futuro. Mas enquanto o corpo envelhecer a eternidade nunca será uma realidade, pelo menos a física (abordarei esta temática também quando apresentar o livro Intermitências da Morte de José Saramago).

Se existe alguma forma de eternidade essa está escrita nos livros de história, os heróis e os seus feitos, os vilões e as suas ambições, os povos corajosos, os Trezentos, os Lusitanos, etc. A única maneira de alcançar uma eternidade é fazer grandes feitos, mas isso era mais fácil há alguns séculos atrás. A nossa história pessoal passa por tudo o que fazemos, aprendemos e ensinamos, só a nossa memória perdurará, será que estar a fazer um mapa sobre a temperatura média do mês de Janeiro me vai ajudar a alcançar essa memória eterna? Vai ser útil para ensinar a todos os que vier a conhecer? Futuros amigos, colegas, amantes, filhos, netos, etc. Talvez até seja, talvez tenha um filho agricultor que necessite um dia dessa informação, ele vai-se lembrar quando for altura de fazer as plantações de Inverno, mas, esse tipo de informação está por todo o lado, não serei eterno por saber isso.

Ah mas divaguei um pouco demais, era mais fácil antes porque as pessoas estavam mais cientes do que se passava umas com as outras, podiam não ter Internet, mas estavam sensíveis a heróis, hoje passa-nos à frente mil e um feitos por dia, mas como estamos ocupados a fazer mapas sobre o sistema Invernal do mês de Janeiro que temos de decorar para um teste não nos apercebemos, nem queremos saber.

Hoje os heróis são os Hitler, Estaline, Bush(es) etc, que vão aparecendo para matar milhões, de vez enquanto aparece um Obama ou um M Luther King, um Bob Marley/John Lennon na música, e por aí fora.